Qual é o tamanho da sua caixa d’água?
A grande maioria das instalações residenciais, comerciais e industriais tem reservatórios para armazenar água. Mas, afinal, para que serve uma caixa d’água?
Uma das finalidades é elevar o nível da água para criar pressão pelo próprio peso da coluna. Isso faz com que, na saída você tenha uma vazão compatível com sua necessidade. Tomar banho de chuveiro no conta-gotas é dose!
Outra é de garantir o abastecimento mesmo quando esteja faltando o fornecimento externo. Se essa interrupção for frequente a única solução é se garantir com um reservatório capaz de suportar o tempo dessas interrupções.
Outra finalidade é poder suportar o volume de vazão de saída, quando esta é maior que a entrada.
O problema com as caixas é que o hidrômetro que quantifica o fluxo de água está antes da entrada. Isso significa que você paga pelo armazenamento e não pelo consumo efetivo. Você paga ANTES de usar a água.
Imagine que você vai sair em férias 30 dias. Sua casa vai ficar vazia. Zero de consumo. Sua conta de água vai chegar cheia, mesmo sem abrir uma única torneira.
O efeito da redução do consumo só aparecerá na próxima conta.
O depósito do seu varejo é como uma caixa d’água. Você paga para encher.
Poucos são os negócios onde você só paga após efetivar venda. Algumas revendas de automóveis, lojas de obras de arte e artesanato tem produtos em consignação.
Como regra você compra primeiro para vender depois.
Algumas questões devem ser analisadas nesse contexto.
- Qual é seu prazo de pagamento?
- Em quanto tempo você venderá o que comprou?
- Em quanto tempo você recebe o valor da venda?
A diferença entre o prazo de venda mais o de recebimento menos o de pagamento é o que você tem que suportar com seu capital de giro.
Fazendo analogia com a caixa d’água, para que serve seu estoque?
Ele é o regulador de vazão da sua loja. Ele compatibiliza a capacidade do seu fornecedor entregar os produtos com o volume de compra dos seus clientes.
A frequência de pedidos, prazos de entrega, embalagens e pedidos mínimos nem sempre se harmonizam com o perfil da venda.
Na indústria essa questão já foi muito trabalhada e desenvolvida.
Estoques são críticos na formação do custo. Como ela trabalha com planos de produção, consegue passar para seus fornecedores uma programação de necessidades. Desenvolveu-se o conceito de “just in time” que pode ser traduzido para “bem na hora”. O produto é entregue praticamente quando está sendo requisitado pela linha de produção. O estoque é medido em horas, não mais em dias.
A grande dificuldade do varejo é a não existência de uma DEMANDA DEPENDENTE de uma programação de produção. Sua demanda depende de uma venda sobre a qual você não tem um controle direto e efetivo.
Por isso você não consegue alinhar seu fluxo de entrada com o de saída. E aí o estoque é a solução.
Para trabalhar com estoques menores e você tem alguns mecanismos:
Prever a demanda da melhor maneira possível, principalmente produtos de alto giro.
Reduzir o prazo entre entregas aumentando a frequência dos pedidos
- Negociar a redução prazos de entrega.
- Comprar embalagens menores.
- Avaliar a venda de produtos de baixo giro.
Muitos dos nossos clientes protegem a venda dos seus produtos por igual. Isso custa muito caro e resulta num efeito perverso sobre o resultado.
Primeiro porque a proteção parece ser igual para todos, mas não é.
Os produtos de baixo giro acabam mais protegidos. É simples. Para eles uma caixa a mais pode representar um mês de venda. Para os de alto giro dobrar a compra pode ser insuficiente para suportar a venda de um dia de pico.
Produtos de alto giro podem ser comprados em volumes maiores, protegendo a venda.
Qualquer quantidade há mais pode ser facilmente corrigida no próximo pedido.
Examine os produtos de baixo giro, geralmente são os da rabeira da curva ABC (20% do valor de venda da loja). O estoque existente na gôndola, na maioria dos casos, é suficiente para suportar a venda entre dois pedidos. Não precisa ter mais estoque no depósito! E se faltar? Não acontece nada! Ele é de baixo giro, pouca venda, pouca procura.
Havendo outro produto similar o cliente terá sua necessidade satisfeita, você não perde venda. Se comprar a mais vai precisar de muito tempo para acertar. Erro clássico: Inseticida na entrada do inverno!
Nos próximos capítulos seguiremos nos aprofundando nessas questões. Elas fazem a diferença no seu resultado.
Robert Scott Wilson
Easemix – Varejo Inteligente
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